REINAUGURAÇÃO DO MUSEU DA COLONIZAÇÃO RESGATA A HISTÓRIA DE CHAPECÓ

Reforma completa devolve à comunidade a casa da família Bertaso, construída em 1922 e símbolo do início da colonização Entre as atrações da Efapi do Brasil, o sábado (11) foi marcado por um momento histórico: a reinauguração do Museu da Colonização, antiga residência da família Bertaso, totalmente revitalizada. Construída em 1922, a casa preserva objetos, móveis e documentos que contam a trajetória dos primeiros moradores de Chapecó, agora reaberta ao público com estrutura renovada. O secretário de Cultura, Fellipe de Quadros, destacou o compromisso com a preservação do patrimônio local. “Fizemos uma revitalização completa, com apoio do Ministério Público de Santa Catarina. Reabrimos o museu para que a comunidade conheça e valorize a história de Chapecó”, afirmou. O investimento foi de R$ 497,9 mil, viabilizado pelo Fundo para Reconstituição de Bens Lesados e pelo município. Segundo Quadros, a escolha da Efapi como palco da reinauguração foi estratégica: “Queríamos dar à cultura o destaque que merece e homenagear a família Bertaso, uma das mais tradicionais da cidade”. Um tributo ao pioneirismo Durante a cerimônia, descendentes do Coronel Ernesto Francisco Bertaso participaram da homenagem. Flávio Pasquali, bisneto do coronel, relembrou os desafios dos primeiros colonizadores. “Diziam que Chapecó não teria futuro, mas essas famílias provaram o contrário com coragem e trabalho”, afirmou. Nara Bertaso Azevedo, neta do coronel, compartilhou memórias afetivas da infância na casa. “Minha mãe conta que comecei a caminhar aqui. Subi aquela escada íngreme com nove meses, segurando um pedaço de laranja”, recordou emocionada. O prefeito João Rodrigues reforçou a importância da preservação. “Esta é a casa do primeiro prefeito, praticamente centenária, que voltou à sua originalidade”, disse. Arquitetura que conta histórias Construída inteiramente em madeira, a Casa da Família Bertaso reflete o estilo dos colonizadores italianos, com alpendre, colunas torneadas, balaustradas e sótão amplo. Originalmente instalada na Rua Marechal Bormann, foi transferida em 1953 e doada ao município em 1991, tornando-se patrimônio preservado no Parque de Exposições Dr. Valmor Lunardi. Museu como espaço de memória e educação Transformado em museu em 2011, o espaço reúne peças, fotografias e documentos que retratam o cotidiano dos colonos e a formação do território chapecoense. Para os visitantes da Efapi, o museu representa mais que uma exposição — é uma viagem às origens de Chapecó e um convite ao reconhecimento das raízes que construíram a cidade. Foto: Divulgação/PMC

PEÇAS DO CEOM COMPÕEM EXPOSIÇÃO NO MUSEU DE HISTÓRIA NATURAL DE PARIS

A vitrine apresenta cerâmicas da Tradição Tupiguarani provenientes do Alto Uruguai (acervo CEOM) e do estado de São Paulo (acervo Musée du Quai Branly, coleção Levi-Strauss). O Centro de Memória do Oeste de Santa Catarina (CEOM) contribuiu com peças arqueológicas para a exposição ‘Migrações, uma Odisseia Humana’, que acontece no Museu de História Natural de Paris de 27 de novembro de 2024 a 8 de junho de 2025. A exposição tem como objetivo desmistificar os eventos migratórios, oferecendo uma abordagem interdisciplinar e embasada em dados científicos.  Há mais de 10 anos o CEOM/Unochapecó tem cooperação com o museu, para ações de pesquisa, ensino e difusão cultural na área de Arqueologia Pré-histórica. E foi a partir dessa parceria que surgiu a oportunidade de enviar peças do acervo do Centro para fazerem parte dessa amostra. As peças do CEOM são cerâmicas Guarani e procuram contar um exemplo de migração interna no continente americano ocorrida em tempos pré-coloniais, ou seja, antes da chegada dos europeus a América.  Para Mirian Carbonera, coordenadora do CEOM, “Foi motivo de alegria poder colaborar e contar ao mundo um pouco da pré-história sul americana e, especialmente, porque discute um tema tão sensível e contemporâneo das migrações humanas. Quando recebemos o convite, separamos as peças em conjunto com a equipe do Museu e também fizemos o protocolo de movimentação de bens junto ao IPHAN”. “Quanto as peças escolhidas e o que elas representam, Antoine Lourdeau, arqueólogo e professor do Museu de História Natural de Paris, comenta: “A ideia era de ilustrar um caso de migração antiga e interna ao continente americano. Porque quando se fala de migração pré-histórica para as Américas, muitas vezes se pensa somente nos primeiros povoamentos, vindo de fora, como se em seguida as populações não tivessem mais circulado. O caso das migrações das populações de línguas Tupi-Guarani é interessante, pois temos a linguística que nos dá uma ideia clara da dispersão atual e histórica (colonial) dessas populações, e a Arqueologia, nesse caso por meio da cerâmica, nos ajuda a entender os processos de dispersão. Graças a essa dupla fonte de informação, sabemos que são pessoas mesmo que se deslocaram, e não objetos ou ideias. Por isso, na vitrine, tem as cerâmicas, e no fundo tem palavras ligadas à temática das migrações em língua Guarani. Ao lado da vitrine tem um mapa sintético que ilustra extensão das línguas Tupi-Guarani e localização dos sítios com cerâmica da tradição Tupiguarani.” A vitrine apresenta cerâmicas da Tradição Tupiguarani provenientes do Alto Uruguai (acervo CEOM) e do estado de São Paulo (acervo Musée du Quai Branly, coleção Levi-Strauss). Complementando as cerâmicas, há palavras em língua Guarani relacionadas ao tema das migrações e um mapa que ilustra a extensão das línguas Tupi-Guarani, além da localização de sítios arqueológicos com vestígios dessa tradição. Ainda sobre a exposição Dividida em três partes, ela aborda as dimensões sociais, históricas e evolutivas das migrações humanas. 1. As Palavras das Migrações A primeira parte da exposição aborda os estereótipos e preconceitos frequentemente associados às migrações humanas. Os visitantes são convidados a refletir sobre como as representações históricas e contemporâneas das migrações estão, muitas vezes, relacionadas ao medo e ao preconceito. Essa seção também examina como o uso das palavras molda a percepção pública sobre os migrantes. Destacam-se as influências do discurso midiático e político no reforço de narrativas distorcidas, apresentadas por meio de caricaturas, infográficos e mídias interativas que desafiam essas representações. 2. Compreender as Migrações Contemporâneas A segunda parte oferece uma visão abrangente sobre as migrações atuais, explorando as múltiplas causas, trajetórias e perfis das pessoas em movimento. O antigo arquétipo do migrante — homem, jovem, pobre e sem instrução — não reflete mais a realidade das migrações contemporâneas. Atualmente, 48% dos migrantes são mulheres, e as razões para os deslocamentos são diversas, interligando fatores econômicos, políticos, climáticos, familiares, educacionais ou recreativos. Essas migrações revelam desigualdades sociais, econômicas e ambientais que impactam populações em escala global. Para alguns, os movimentos migratórios são vistos de forma positiva, enquanto, para outros, são desvalorizados. 3. Migrações e Evolução Humana A última parte da exposição conduz os visitantes a uma reflexão sobre o passado remoto da humanidade, evidenciando que o Homo sapiens, desde sua origem na África, sempre esteve em movimento. A mobilidade é apresentada como essencial para a continuidade da vida: sem deslocamentos, não há existência. Encontros, trocas culturais e misturas genéticas moldaram as jornadas humanas ao longo dos milênios. Em todas as direções e épocas, os seres humanos deixaram vestígios genéticos, culturais e intelectuais. Nossas sociedades, línguas, patrimônios genéticos e tradições são reflexos diretos deste legado migratório. Para saber mais informações sobre a exposição, acesse o site do museu aqui.  === Foto e informações: Centro de Memória do Oeste de Santa Catarina (CEOM)