SOJA AVANÇA E MUDA O MAPA DA PRODUÇÃO DE GRÃOS EM SANTA CATARINA

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Estudo da Epagri/Cepa mostra substituição do milho e avanço de culturas como trigo, enquanto feijão e fumo perdem espaço

A produção agrícola catarinense passou por mudanças significativas na última década. Um estudo da Epagri/Cepa aponta que a soja assumiu papel central nesse processo, ocupando áreas antes destinadas ao milho-grão e consolidando-se como a principal cultura do Estado. Entre 2014 e 2024, a oleaginosa expandiu sua presença em mais de 213 mil hectares, superando 1 milhão de toneladas produzidas e alcançando 55% da área cultivada de grãos em Santa Catarina. A mudança é explicada por fatores de mercado, como maior demanda internacional, liquidez e menor custo de produção, além da resistência da cultura a períodos curtos de estiagem.

O avanço da soja também abriu espaço para o crescimento do trigo, que ampliou em 180% a produção nos últimos anos, incentivado por políticas públicas e pela rotação de culturas. Em contrapartida, milho e feijão perderam força nas lavouras, especialmente entre pequenos produtores, que migraram para atividades mais rentáveis como a produção de leite. A queda do milho preocupa pela dependência crescente de grãos de outros estados e até de importações, já que o cereal é essencial para a cadeia de proteínas animais.

Outras culturas apresentam cenários distintos. O arroz mantém estabilidade na área cultivada, com destaque para o aumento da produtividade, mesmo que a última safra tenha sofrido os impactos do El Niño. Já o feijão enfrenta retração histórica, restando pouco mais de 60 mil hectares destinados à cultura, enquanto o fumo também perdeu espaço para grãos e pastagens. A Epagri ressalta que o acompanhamento dessas mudanças é estratégico para orientar investimentos em armazenagem, logística e políticas públicas que sustentem o setor agropecuário catarinense.

Foto: Rafael Althoff / Epagri